Ainda há pouco, Teixeira dos Santos se congratulava que a emissão de obrigações do tesouro tinha corrido bem até porque a procura tinha superado a oferta das mesmas. Como acredito que o ministro sabe como funcionam os leilões destas obrigações (ao contrário dos jornalistas que fazem eco desta afirmação para insistirem que "correu bem o leilão"), só posso lamentar a desonestidade com que apresenta os factos aos portugueses.
É que quando Portugal anuncia que quer colocar determinado valor de emissões no mercado, os potenciais compradores colocam os seus pedidos à taxa que lhes parece mais justa. Portugal depois vende a quem oferece as taxas mais baixas, preenchendo todo o montante em blocos de oferta com as taxas o mais baixo possíveis (isto porque "o mercado" oferece taxas para determinado valor de obrigações - 100 milhões à taxa x, 150 milhões à taxa y, 50 milhões à taxa z, etc). Quando por isso se diz que a procura foi muito alta, não vale esquecer que essa procura não-satisfeita era a taxas de juro ainda mais altas que as que se obtiveram.
No fundo Teixeira dos Santos congratula-se de ter vendido um carro a 20mil euros, e que não não faltavam mais 100 potenciais compradores. Esses, claro está, ofereciam todos menos do 20mil euros, mas isso "faz de conta"...