Acabo de receber um convite para o Concerto Inaugural das Comemorações do chamado Centenário da República.
Há três boas razões para aceitar o convite. É um concerto, e eu gosto de música. É na Casa da Música, e eu sou assinante anual da Orquestra Nacional do Porto. É no Porto, por onde sou eleito, e onde estarei nesse dia.
Mas há razões ponderosas para rejeitar o mesmo convite. Comemora-se um regime, de uma forma como nunca se comemora a nação. Celebram-se os primeiros tempos da república, responsáveis por perseguições e ódios que lançaram portugueses contra portugueses. Tempos em que a instabilidade política e a incompetência levaram o país ao abismo. Depois, empenham-se, nestas folclóricas comemorações, meios totalmente desproporcionados em qualquer momento, mas especialmente nesta altura de crise.
Que se comemore Portugal. Que se comemore Portugal, no Porto. Porque isso será um acto de justiça histórica, para uma cidade que continua a sofrer o centralismo da república. Quando assim for, não precisam de convidar, porque lá estarei. Enquanto se comemorarem regimes, agradeço, mas não participo.