O Primeiro-Ministro manifestou-se mais uma vez contra quaisquer alterações ao PEC esta manhã no Parlamento. Foi até mais longe, ao afirmar que Portugal seria imediatamente penalizado pelas agências de rating caso decidisse de algum modo aliviar a carga fiscal.
Ficamos portanto a saber que, para o Governo, o caminho para a credibilidade financeira e para a consolidação das contas públicas definitivamente não passa pela diminuição da despesa. Passa sim pelo aumento da receita, em particular através de manter inalterado o pagamento especial por conta de um imposto que nem sequer se sabe se algum dia será devido!
Não oferecendo esta posição do Governo grande esperança para o futuro da economia real, tem pelo menos uma vantagem: torna claro que há uma divergência de fundo entre aqueles que acham que o motor da economia é o investimento público (que necessariamente tem que ser pago com impostos ou com dívidas), e aqueles que, como eu, acreditam que Portugal só vai arrancar quando apostar no investimento privado, deixando-o respirar sem as amarras fiscais que o têm asfixiado nos últimos anos.